Foto: Flickr/Bolsonaro
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que não houve descumprimento das medidas cautelares impostas na última semana. Os advogados pedem, inclusive, que o STF esclareça se o ex-mandatário está proibido de conceder entrevistas.
A manifestação da defesa foi apresentada após Moraes dar 24 horas para que Bolsonaro se explicasse sobre possíveis irregularidades, como o uso indireto das redes sociais. O ministro apontou postagens em que o ex-presidente aparece usando tornozeleira eletrônica e fazendo declarações públicas, o que poderia burlar a ordem judicial que o proíbe de utilizar redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros.
No documento de cinco páginas, os advogados alegam que a reprodução de entrevistas ou declarações nas redes sociais foge do controle de Bolsonaro e é resultado das dinâmicas da comunicação digital, não podendo ele ser responsabilizado por atos de terceiros. Segundo a defesa, o ex-presidente não postou, acessou ou solicitou publicações em redes sociais.
Os advogados também argumentam que a Primeira Turma do STF não deixou claro se há proibição quanto à concessão de entrevistas, motivo pelo qual pedem esclarecimento para evitar "qualquer equívoco na compreensão da extensão da medida".
A decisão de Moraes que impôs tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e outras restrições, como a proibição de contato com autoridades e com seu filho Eduardo Bolsonaro, foi motivada por suspeitas de atuação coordenada para interferir em julgamentos do STF e incentivar sanções internacionais contra o Brasil.
Moraes alegou que a utilização de redes sociais por terceiros para retransmitir declarações de Bolsonaro configura descumprimento da cautelar e pode resultar em sua prisão. O ministro enviará agora a manifestação da defesa à Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai avaliar se as explicações são suficientes antes de uma decisão final.
As restrições fazem parte da investigação sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022. A operação também apura a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos para pressionar o governo americano contra o STF. A crise diplomática se agravou com a revogação de vistos de autoridades brasileiras pelo governo dos EUA e a imposição de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida comemorada por Eduardo Bolsonaro, que afirmou ter intermediado a ação com o ex-presidente Donald Trump.
A expectativa é que o julgamento do caso envolvendo Bolsonaro ocorra até setembro. No Congresso, avança com dificuldade um projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, que poderia beneficiar o ex-presidente, mas a crise recente deve frear ainda mais essa possibilidade.
Jornal online com a missão de produzir jornalismo sério, com credibilidade e informação atualizada.
23/07/2025
Mega da Virada: por que brasileiros insistem em apostar nos mesmos números todos os anos
Histórico dos sorteios revela padrões que despertam curiosidade, mas especialistas explicam por que eles não aumentam as chances de ganhar.