Foto: Agência Senado
Diante da pressão de Donald Trump e sua promessa de impor tarifas recíprocas nos Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda a possibilidade de reduzir a alíquota de importação sobre o etanol. A medida pode facilitar a entrada do biocombustível americano produzido a partir do milho no Brasil e servir como um trunfo em negociações comerciais com a Casa Branca.
Atualmente, a tarifa brasileira sobre o etanol está em 18% e já foi alvo de críticas da administração Trump. A hipótese de reduzi-la para zero, ou algo próximo disso, está sendo considerada como uma estratégia para alcançar dois objetivos simultaneamente.
Por um lado, o Brasil poderia usar essa redução como moeda de troca em discussões comerciais com os EUA, em vez de adotar a medida unilateralmente. Assim, buscaria obter concessões do governo americano em contrapartida. Por outro, a maior oferta de etanol de milho americano no mercado brasileiro poderia pressionar a queda dos preços, impactando também o valor da gasolina, que tem 27% de mistura do biocombustível. Essa redução no custo dos combustíveis pode ser favorável ao governo Lula em um cenário de popularidade em baixa, influenciada pelo alto preço dos alimentos e da gasolina.
No entanto, a decisão pode gerar resistência entre os usineiros brasileiros, setor historicamente crítico ao PT. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a tarifa de importação do etanol foi reduzida como forma de conter os preços dos combustíveis, mas voltou para 18% no início de 2023.
Diferentemente daquele período, o governo Lula avalia que o setor sucroalcooleiro no Nordeste está mais preparado para enfrentar a concorrência, já que nos últimos anos foram inaugurados projetos relevantes na região. O Piauí, por exemplo, avançou com empreendimentos para a produção de biocombustíveis a partir de cereais, como milho e sorgo.
Além disso, o Brasil estuda aumentar de 27% para 30% a mistura de etanol anidro na gasolina, conforme previsto na Lei do Combustível do Futuro, sancionada em 2024. Montadoras já realizam testes para verificar a viabilidade da mudança, e uma decisão pode ser tomada ainda no primeiro semestre deste ano. Caso aprovada, essa elevação geraria uma demanda adicional de 1,2 bilhão a 1,4 bilhão de litros de etanol por ano, o que ajudaria a mitigar o impacto da abertura do mercado para os EUA.
A discussão sobre tarifas acontece em um contexto de tensões comerciais, após o governo Trump anunciar uma taxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, impactando diretamente exportações brasileiras de quase US$ 3 bilhões anuais.
Para tratar do tema, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tem uma ligação agendada para esta quinta-feira (6) com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Com informações de CNN Brasil.
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