O corpo da jovem Juliana Marins, que morreu durante uma trilha em um vulcão na Indonésia, passou por uma nova autópsia nesta quarta-feira (2), no Rio de Janeiro. O procedimento ocorre cerca de oito dias após a chegada do corpo ao Brasil e tem como objetivo esclarecer possíveis dúvidas sobre as circunstâncias da morte.

A primeira autópsia, realizada fora do país, apontou trauma torácico com hemorragia interna como causa da morte, descartando sinais de necrose nas extremidades e, consequentemente, a hipótese de hipotermia. No entanto, não foi registrada a data exata do óbito, o que compromete a precisão da nova análise.

De acordo com a médica legista e especialista em perícia médica Caroline Daitx, a segunda necropsia enfrenta severas limitações técnicas. Ela explica que a manipulação dos órgãos durante o primeiro exame inviabiliza, por exemplo, a estimativa de volume de sangue perdido — dado essencial para compreender a dinâmica da morte. Além disso, o corpo foi embalsamado, o que alterou os tecidos e inviabiliza diversos exames complementares.

Daitx destaca que a nova autópsia poderá ter um escopo restrito e não oferecer uma reconstituição detalhada do caso, já que a disposição anatômica original foi modificada pelos procedimentos anteriores. Ainda assim, ela ressalta a importância do esforço: “Mesmo com a baixa viabilidade de novos achados conclusivos, o esforço das autoridades é importante para manter a transparência e demonstrar o compromisso com a busca por justiça.”

A nova perícia foi realizada por uma equipe multidisciplinar, seguindo os protocolos técnico-científicos vigentes, segundo a Defensoria Pública da União. Caso sejam identificadas falhas ou omissões nas investigações feitas no exterior, o Brasil poderá acionar mecanismos internacionais de responsabilização.