Pela primeira vez na história, as Forças Armadas iniciaram, nesta quarta-feira (2), em Brasília, a seleção geral de mulheres voluntárias para o serviço militar inicial. A novidade marca o início da incorporação feminina como soldadas do Exército Brasileiro, marinheiras, recrutas na Marinha e soldados de segunda classe na Aeronáutica.

Diferentemente dos homens, que são obrigados a se alistar aos 18 anos, as mulheres participam do processo de forma voluntária, manifestando interesse no mesmo período etário. O interesse superou as expectativas: até agora, o Ministério da Defesa registrou 27.395 mulheres alistadas — muito acima das 1.010 vagas inicialmente autorizadas para elas em 2025.

Seleção começa com 35 voluntárias

As primeiras 35 candidatas passaram por entrevistas, exames médicos e preenchimento de dados básicos. Nesta etapa, ainda não foi realizado o teste de aptidão física. Ao final da manhã, as participantes já foram informadas se seguem ou não para as próximas fases.

As seleções gerais em Brasília seguirão até 28 de setembro. Em outras cidades, as datas serão definidas conforme o cronograma de cada posto militar.

Durante a seleção, as voluntárias também indicam em qual força armada desejam servir — Exército, Marinha ou Aeronáutica — desde que haja disponibilidade de vagas na região onde residem.

Vagas e calendário

O alistamento, iniciado em 1º de janeiro, segue até 30 de junho de 2025 e pode ser feito presencialmente ou online, via plataforma Gov.br. Para participar, é necessário ter 18 anos em 2025 (nascidas em 2007), residir em um dos municípios com vagas para mulheres e apresentar documentos como CPF, certidão de nascimento, comprovante de residência e um documento com foto.

No total, foram abertas 1.465 vagas para mulheres: 1.010 no Exército, 300 na Aeronáutica e 155 na Marinha, distribuídas em 28 municípios de 13 estados e no Distrito Federal.

Próximas etapas e incorporação

O processo de seleção conta com cinco fases: alistamento, seleção geral, designação de local, seleção complementar e incorporação. As candidatas aprovadas serão incorporadas em março ou agosto de 2026, com os mesmos direitos, deveres e salários dos homens.

O serviço militar temporário tem duração de 12 meses, podendo ser prorrogado por até oito anos. Após esse período, as voluntárias ingressam na reserva não remunerada.

Caso queiram seguir carreira militar, as interessadas devem possuir curso superior e passar em concurso público para escolas de formação militar.

Um marco de inclusão

A autorização do alistamento feminino foi oficializada em agosto de 2024. Segundo o coronel Rafael Alves, da 11ª Região Militar, a iniciativa representa um avanço significativo na igualdade de gênero dentro das Forças Armadas.

“Essa incorporação é reflexo da sociedade que o Exército defende. É um marco histórico de inclusão”, destacou o oficial.

Até então, o ingresso de mulheres era restrito a cargos técnicos e de nível superior, como medicina, engenharia e direito. Atualmente, cerca de 37 mil mulheres já integram as Forças Armadas, representando 10% do efetivo total.

Com informações de Agência Brasil.