Foto: TV Brasil
Durante a transmissão ao vivo da partida entre Internacional e Sport, pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro Feminino, na última segunda-feira (31), câmeras da TV Brasil flagraram um ato racista: uma casca de banana foi arremessada em direção ao banco de reservas das jogadoras do Sport, em Porto Alegre (RS).
A agressão foi registrada pelas câmeras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e presenciada por uma das árbitras, que recolheu a casca. O caso chamou atenção pelo contexto de aumento das denúncias de racismo no futebol brasileiro.
Crescimento alarmante de casos
O Observatório da Discriminação Racial no Futebol aponta que os casos de racismo têm aumentado nos últimos anos, mesmo com maior conscientização sobre o tema. O relatório anual da entidade, publicado desde 2014, mostra que os registros saltaram de 36, naquele ano, para 250 em 2023.
O diretor do Observatório, Marcelo Carvalho, destaca a importância de punições mais rigorosas. “A Justiça precisa deixar claro que quem comete racismo vai enfrentar consequências. Mas não basta só punir. É essencial investir em educação e conscientização”, afirmou.
Regiões Sul e Sudeste lideram denúncias
Entre 2014 e 2023, o Rio Grande do Sul foi o estado com maior número de ocorrências: 89 casos, o que representa quase um quarto (24,45%) dos 364 incidentes registrados no país. São Paulo aparece em segundo, com 57 casos, seguido por Minas Gerais (34), Rio de Janeiro (25) e Paraná (23).
As regiões Sul e Sudeste concentram 68% dos episódios de racismo nos estádios, enquanto o Nordeste responde por 16%, Centro-Oeste por 9% e Norte por 6%.
Punição imediata e investigação
Após o episódio em Porto Alegre, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) determinou que o time feminino do Internacional jogue com portões fechados nas próximas três partidas. A Procuradoria-Geral da entidade foi responsável pelo pedido da punição.
O Sport também registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. A Delegacia da Intolerância investiga o caso criminalmente.
Estrutura ainda excludente
Marcelo Carvalho relembra que o futebol brasileiro nasceu em um contexto elitista e excludente, e essa herança ainda impacta o presente. “Os primeiros jogadores negros eram proibidos de circular nas áreas sociais dos clubes. Hoje, a presença de negros como técnicos ou dirigentes segue extremamente baixa, mesmo com políticas de inclusão sendo mais discutidas.”
Ele também alerta para a subnotificação. Muitos casos não entram no relatório por ocorrerem em campeonatos amadores ou nas categorias de base e não serem divulgados pela imprensa, critério utilizado pelo Observatório para validação das denúncias.
“Temos um futebol estruturalmente racista. Precisamos combater isso com educação desde a base, para que piadas disfarçadas de brincadeiras não perpetuem o racismo recreativo nos gramados e fora deles”, conclui.
Com informações de Agência Brasil.
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