Foto: Reprodução
Mais de 200 trabalhadores resgatados de situação análoga à escravidão na colheita da uva, no , terão direito a indenização por danos morais. A Justiça do Trabalho condenou, nesta quarta-feira (30/4), a empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde ao pagamento de R$ 3 milhões pelos abusos cometidos durante a safra de 2023.
Alojamentos imundos e comida podre
Segundo o processo, os trabalhadores viviam em locais extremamente sujos, desorganizados e com cheiro forte de restos de comida em decomposição. As condições de higiene e moradia eram completamente inadequadas.
Eles foram encontrados nos municípios de Nova Roma do Sul, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Bento Gonçalves. Em 22 de fevereiro de 2023, seis pessoas procuraram a Polícia Rodoviária Federal (PRF) denunciando agressões nos alojamentos. A denúncia levou à atuação do Serviço de Inspeção do Trabalho (SIT) e da Polícia Federal.
Durante a fiscalização em um alojamento no bairro Borgo, em Bento Gonçalves, foram encontrados mais de 100 trabalhadores em situação degradante. No local, também foram apreendidos cassetetes, spray de pimenta e uma arma de choque, reforçando os relatos de violência física.
Cobranças ilegais e dívidas abusivas
Em outra inspeção, realizada no mesmo dia, as autoridades identificaram um mercado irregular que vendia alimentos e itens de higiene com preços abusivos, descontados diretamente dos salários dos trabalhadores.
Além disso, ficou comprovado que a empresa realizava descontos ilegais por transporte, alimentação e vestuário. Muitos trabalhadores não receberam salários e estavam endividados, devido à imposição de custos pelas passagens e pelo alojamento precário.
Grandes vinícolas envolvidas
A Fênix foi contratada por grandes nomes da indústria vinícola, como Aurora, Salton e a Cooperativa Garibaldi, para fornecer mão de obra terceirizada. Essas empresas são reconhecidas nacional e internacionalmente pela produção de vinhos e espumantes.
A condenação da Fênix representa um marco na luta contra o trabalho escravo contemporâneo no setor agrícola e reforça a importância da fiscalização e da responsabilização das empresas envolvidas.
*Com informações Metropoles
Jornal online com a missão de produzir jornalismo sério, com credibilidade e informação atualizada.