Foto: Jucimar de Sousa
Com uma tradição de 280 anos, a Semana Santa da cidade de Goiás se consolida como uma das maiores expressões religiosas e culturais do Estado. O evento, que se estende por 40 dias, reúne milhares de fiéis e turistas em um calendário repleto de celebrações que exaltam a fé cristã, a história e o folclore local. Organizada pela comunidade com apoio da Diocese de Goiás – Catedral de Sant’Ana e do Governo do Estado, a festividade movimenta o turismo e a economia regional.
O momento mais aguardado da celebração acontece à meia-noite entre quarta (16) e quinta-feira (17), com a famosa Procissão do Fogaréu. Nesta representação emocionante, homens vestidos de farricocos percorrem as ruas históricas da cidade com tochas acesas, simbolizando a busca e prisão de Jesus Cristo pelos soldados romanos. A tradição, inspirada em um ritual espanhol de Sevilha, teve início por volta de 1745 e foi resgatada em 1965 pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), permanecendo até hoje como um dos símbolos da Semana Santa goiana.
A procissão parte da frente do Museu de Arte Sacra da Boa Morte e segue até o Santuário de Nossa Senhora do Rosário. Ao longo do percurso, uma encenação retrata a última ceia e a prisão de Cristo, representado por uma imagem pintada em linho pela bisneta de Veiga Valle, Maria Veiga. A atmosfera solene, reforçada pelo som do clarim e pelas expressões artísticas, emociona moradores e visitantes.
A celebração é marcada ainda por outras oito procissões, todas ricas em detalhes preservados ao longo dos séculos. Entre elas, a do Fogaréuzinho, que ocorre na tarde da Quarta-feira Santa e inclui as crianças na tradição. Promovida pela Escola Letras de Alfenim, a caminhada infantil conta com meninos e meninas caracterizados de farricocos, portando tochas artesanais simbólicas. Já a Procissão dos Penitentes, ou das Almas, realizada na noite da Quinta-feira Santa, remonta às práticas religiosas pós-peste negra na Europa e é conduzida por fiéis vestidos de branco com capuzes, entoando ladainhas e passando por sete pontos da cidade até chegar ao cemitério São Miguel Arcanjo. O cortejo simboliza as sete Dores de Nossa Senhora e homenageia as almas dos mortos.
Essa forte expressão de religiosidade e tradição, transmitida de geração em geração, é também um importante patrimônio cultural imaterial. A imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, trazida da Bahia por escravos, é um dos elementos históricos mais simbólicos das cerimônias, que mesclam motetos, procissões, crenças e músicas em uma vivência coletiva de fé.
Para garantir a realização da Semana Santa, o Governo de Goiás destinou cerca de R$ 400 mil, sendo R$ 200 mil da Secretaria da Cultura (Secult) e R$ 199 mil via Programa Goyazes, com patrocínio da Equatorial Energia. O governador Ronaldo Caiado confirmou presença na programação.
A secretária de Cultura, Yara Nunes, reforça a importância do evento para a valorização do patrimônio histórico e para o fortalecimento do turismo religioso. Segundo ela, a tradição de quase três séculos continua a atrair visitantes de todas as partes do mundo, encantados com a fé e a cultura do povo vilaboense. “Seguimos trabalhando para garantir a infraestrutura necessária e proporcionar uma experiência única a todos os participantes”, afirmou.
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