A tensão entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos após declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, nesta segunda-feira (15/9). Ele afirmou que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de ser apenas um tema interno e passará a guiar a relação diplomática entre os países.

Rubio disse que o “Estado de Direito está se desintegrando” no Brasil e classificou o julgamento como parte de uma “campanha de opressão judicial”. Ele acusou diretamente o ministro Alexandre de Moraes de “perseguição política” e prometeu que Washington dará uma resposta “na próxima semana ou algo assim”.

A fala se soma a críticas já feitas por autoridades americanas. O vice-secretário Christopher Landau afirmou que a decisão do STF representa “o ponto mais sombrio das relações bilaterais em dois séculos”. Já Darren Beattie, subsecretário de Diplomacia Pública, apontou que o caso será tratado pelos EUA “com a maior seriedade”.

No Congresso, aliados republicanos também defenderam sanções contra ministros do Supremo. O deputado Rich McCormick declarou que os EUA “estão com o povo brasileiro”.

O Itamaraty reagiu de forma firme. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores destacou que “ameaças como a feita pelo secretário de Estado não intimidarão a democracia brasileira” e reforçou a defesa da soberania nacional contra qualquer interferência externa.

Atualmente, produtos brasileiros enfrentam tarifa de 50% para entrar no mercado americano, medida aplicada em julho. Apesar de parte das sobretaxas ter sido retirada no início de setembro, há risco de novos endurecimentos. Além disso, ministros do STF já são alvo de sanções individuais, como o congelamento de bens e restrições financeiras nos EUA.

Enquanto isso, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) segue articulando apoio internacional. Ele esteve em Washington antes do julgamento, buscando mobilizar congressistas republicanos e membros do governo Trump para reforçar a narrativa de “perseguição judicial” contra o pai.

A crise diplomática marca um dos momentos mais tensos nas relações entre Brasil e EUA nos últimos anos. A expectativa agora recai sobre as medidas que Washington deve anunciar nos próximos dias, podendo ampliar embates políticos, econômicos e até judiciais entre os dois países.

Com informações de Metrópoles.