Um novo estudo da Universidade de Manchester aponta que fungos perigosos, responsáveis por milhões de mortes por ano, devem se espalhar para novas regiões do planeta à medida que as temperaturas globais aumentam — e o mundo ainda está despreparado para enfrentar esse cenário.
Os fungos estão por toda parte: do solo ao composto orgânico, passando pela água. Embora sejam essenciais para os ecossistemas, também representam uma séria ameaça à saúde humana. Estima-se que infecções fúngicas sejam responsáveis por cerca de 2,5 milhões de mortes anuais — número que pode ser ainda maior devido à falta de dados precisos.
O grupo Aspergillus, um dos mais comuns no mundo e causador da aspergilose, foi o foco da pesquisa. Essa doença pode ser fatal, especialmente em pessoas com problemas pulmonares ou imunidade comprometida. Segundo os pesquisadores, algumas espécies desse fungo devem ampliar sua área de ocorrência em razão da crise climática, alcançando novas partes da América do Norte, Europa, China e Rússia.
Utilizando simulações e projeções climáticas, os cientistas estimaram que a propagação do Aspergillus pode crescer até 77,5% até 2100, afetando cerca de nove milhões de pessoas só na Europa. O estudo ainda está sendo revisado por pares.
Segundo o pesquisador Norman van Rijn, apesar de menos estudados que vírus e parasitas, os fungos têm potencial para impactar severamente a saúde pública global. “Eles são pouco reconhecidos, mas a ameaça é real e crescente”, afirmou.
A espécie Aspergillus flavus, por exemplo, incluída pela OMS na lista de patógenos críticos em 2022, já apresenta resistência a vários medicamentos e representa um risco tanto para a saúde humana quanto para a segurança alimentar, ao infectar culturas agrícolas.
Com as mudanças no clima, há ainda o risco de que esses organismos se tornem mais tolerantes ao calor, facilitando sua sobrevivência dentro do corpo humano. Eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, também favorecem a dispersão dos esporos por longas distâncias, como já visto após desastres naturais nos EUA.
Pesquisadores alertam que a falta de dados sobre a presença desses fungos no ambiente e a subnotificação de casos dificultam a resposta adequada. Estudos nos EUA apontam aumento anual de 5% nos casos de aspergilose entre 2013 e 2023.
Diante da crescente resistência dos patógenos fúngicos aos tratamentos e da influência direta das mudanças climáticas nesse processo, especialistas reforçam a urgência de ampliar o conhecimento e o combate às infecções fúngicas.
“Qualquer um de nós pode ser afetado no futuro”, alerta a micologista Elaine Bignell.
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