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Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta semana, revela um dado alarmante: a solidão está associada a 871 mil mortes anuais no mundo. Segundo o documento, 1 a cada 6 pessoas — o equivalente a 16% da população global — relata sentir-se solitária, o que representa um problema de saúde pública com graves impactos individuais e sociais.
A OMS estima que 100 pessoas morrem a cada hora por causas diretas ou indiretas relacionadas à solidão e ao isolamento social. Para o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o cenário é paradoxal: “Nesta era em que as possibilidades de se conectar são infinitas, cada vez mais pessoas estão se sentindo isoladas e solitárias”.
A solidão afeta todas as faixas etárias, com maior incidência entre adolescentes e jovens adultos. O relatório aponta que 20,9% dos adolescentes de 13 a 17 anos e 17,4% dos jovens de 18 a 29 anos se sentem solitários. Entre pessoas com mais de 60 anos, o índice é menor: 11,8%.
As regiões com maiores índices de solidão são a África (24,3%) e o Mediterrâneo Oriental (21%). Já a Europa registra a menor taxa, com 10,1%. Países de baixa renda apresentam uma prevalência de solidão mais que o dobro da observada em nações mais ricas.
Segundo a OMS, o isolamento social — definido como a ausência de conexões sociais — também atinge com força adolescentes e idosos. Apesar de os jovens terem mais meios de se conectar, muitos ainda se sentem sozinhos, o que indica que quantidade não significa qualidade nas relações.
O relatório também chama atenção para os desafios enfrentados por grupos marginalizados, como pessoas com deficiência, migrantes, LGBTQIAP+, indígenas e minorias raciais, que têm mais barreiras para estabelecer vínculos sociais.
Fatores como doenças crônicas, viver sozinho, baixa escolaridade, ausência de espaços públicos acolhedores e uso excessivo de telas contribuem para o problema. A OMS ressalta os riscos das interações digitais tóxicas e do tempo prolongado diante de dispositivos eletrônicos, principalmente entre jovens.
Os efeitos da solidão vão além do emocional: ela aumenta o risco de depressão, AVC, diabetes, declínio cognitivo e morte precoce. Também impacta a vida escolar e profissional — adolescentes solitários têm 22% mais chance de ter baixo desempenho, e adultos enfrentam mais dificuldades para manter ou conseguir emprego.
A OMS propõe soluções que vão desde ações individuais, como atitudes gentis no dia a dia, até políticas públicas estruturais, como investimentos em bibliotecas, parques, cafés e grupos comunitários, além de acesso a apoio psicológico.
Em maio deste ano, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução inédita que reconhece a solidão como uma prioridade global e pede que os países desenvolvam estratégias com base científica para fortalecer os laços sociais.
“Cada pessoa pode fazer a diferença. Um gesto simples pode mudar o dia — ou a vida — de alguém”, reforça a OMS.
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